quarta-feira

A covardia de Israel contra os Palestinos

Tem coisas que chamam a atenção de forma chocante neste ataque militar do Governo de Israel na Faixa de Gaza. Primeiro a forma brutal e desproporcional com que Israel tem praticado os seus ataques. Não dá para se falar em uma "guerra", como já ouvi alguns jornalistas se referindo neste conflito, pois isso pressupõe que haja dois lados em um conflito, e o que esta ocorrendo é bem diferente disso. Tanto pelos Palestinos não terem um estado constituído, como pela desproporção do poderio das partes. É melhor classificável como um ataque genocida de um Estado Militar contra um povo. E um povo que vem a décadas sendo sistematicamente atacado por Israel.
Os números dessa desproporção falam por si. As ultimas notícias davam conta que já ultrapassava a marca dos 500 mortos do lado palestino e mais de 3 mil feridos, e do lado das tropas israelenses o número de soldados mortos tinha chegado a 6 e a menos de uma centena de feridos. Com uma proporção destas, sobra margem para algum questionamento quanto ao caráter do que esta ocorrendo? Taís números não se assemelham muito a um puro e simples massacre?
E isto que estes números também não são totalmente seguros, provavelmente são ainda piores para o lado palestino, haja visto que o governo de Israel proibiu o acesso da imprensa internacional na faixa de Gaza, o que também tem sido muito pouco questionado pela nossa mídia "imparcial".
Sem contar todos os efeitos "colaterais" que a população palestina esta sofrendo, como a escassez de alimentos, água, remédios e toda a ajuda humanitária internacional, que esta bloqueada desde antes do início dos primeiros bombardeios em Ganza.
As razões destes ataques são estapafúrdias. Justificar este massacre devido ao foguetes lançados pelo Hamas é apenas um subterfúgio para maquiar os interesses eminentemente políticos por trás desta ação. Flavio Aguiar, da Carta Maior, listou cinco razões centrais para este ataque:
1) Há um claro intuito eleitoral, uma vez que a coalizão conservadora no poder, liderada por Tzipi Livin, está ameaçada pelos ultra-conservadores liderados por Benyamin Netanhyau, no pleito antecipado para o próximo 10 de fevereiro.2) Para as intenções de voto é crucial cortejar os colonos israelenses assentados ao sul de Israel, na região próxima à Faixa de Gaza.3) Para isso é necessário elevar o moral militar de Israel, combalido depois da fracassada campanha contra o Hizbollah no Líbano, em 2006.4) Para esses objetivos, o Hamás é um alvo político conveniente, por várias razões: é fraco militarmente; não tem apoio no mundo árabe; não tem o apoio nem mesmo da Fatah, sua co-irmã e rival. Politicamente, embora tenha o apoio até agora da população de Gaza, a posição do Hamás também é frágil e padece de inconsistências, pois sua política de lançar foguetes sobre Israel, mesmo como retaliação pelo bloqueio econômico, político, social e cultural sobre a Faixa, aproxima-se da temeridade de "cutucar a onça com vara curta". É evidente que o objetivo imediato dessa política é diferenciar-se da Fatah, não ameaçar de fato Israel.5) Além disso, há um objetivo de ganhar tempo. Apesar de não se esperar mudanças significativas na política externa norte-americana em relação ao Oriente Médio com a posse próxima de Barack Obama, é evidente que o governo israelense se sentia muito mais confortável com a dupla Bush Filho – Condoleezza Rice no poder. Trata-se de agir agora, antes que qualquer surpresa, mesmo completamente inesperada, possa se armar.
Qual será o desfecho deste ataque israelense não é de todo definido, mas no curto prazo tende a ser desfavorável para o povo palestino e judeu, pois estes ataques tendem apenas a fortalecer as posições mais extremadas e menos favoráveis a um diálogo e uma solução pacifica. E isso piora ainda mais ao observarmos as movimentações que as demais nações estão tendo neste episódio, em geral não assumindo responsabilidade alguma por essa situação, que no "frigir dos ovos" é inteiramente sua. A gênese deste e de boa parte dos conflitos na região se dá justamente pelos erros cometidos pelos países ricos ao intervirem na região, e infelizmente, tais erros seguem acontecendo reiteradamente.