quarta-feira

Violência no Rio

Mal o ano de 2007 se inicia e vemos uma "nova onda" de violência tomar conta dos noticiários da grande imprensa. Desta vez não foi o PCC em São Paulo o responsável pelo pânico na imprensa, mas venho do Rio de Janeiro a nova leva de violência.

As semelhanças entre os acontecimentos (incêndios de ônibus e ataques a delegacias) levaram alguns comentaristas a precipitadamente a levantar uma suposta articulação destas ações, como se estivéssemos a presenciar o surgimento de uma grande organização criminosa nacional a partir dos presídios brasileiros, quase que um "império do mal". Não é algo que possamos descartar de imediato (apesar dos contornos fantasiosos desta teoria), parecendo-me temerário fazer um paralelo direto entre o que ocorreu o ano passado em SP e os fatos de agora.

Primeiramente, tem que se levar em conta as peculiaridades locais. No Rio, que pese a situação crítica da segurança pública no estado, ela não possui as mesmas características de SP, a começar pela própria situação dos presídios paulistas. Através das políticas do tucanato paulista, vimos apenas se agravar um quadro de desrespeito aos direitos fundamentais dos presos, onde as "terceirizações" nos presídios já são uma realidade, além da falta total de uma política preventiva a criminalidade. Não que esta seja uma situação exclusiva de São Paulo, mas é neste estado onde esta situação foi levada ao seu extremo. Foram estas políticas desastradas que propiciaram que uma organização como o PCC viesse a ter a força e o nível de organização que tem.

O pior, no entanto, é a falta de perspectiva de uma política que de fato enfrentasse as raízes destes problemas. Por enquanto, o que temos visto é uma imprensa que a todo instante se preocupa em instalar um clima de terror na população, dando um tom sensacionalista a cobertura destes tristes acontecimentos. Infelizmente, os novos governantes apressaram-se em dar respostas no mesmo tom, chegando a classificarem como "terrorismo" o que ocorreu.

O maior problema é que, quando se envereda para este terreno, as "soluções" tendem a gerarem problemas ainda maiores. Se alguma dúvida há quanto a isto, basta pegarmos o exemplo de como Bush lidou com este "tipo" de problema. O Brasil não necessita de políticas "anti-terror", e sim de uma política que de fato previna este tipo de ação. O que não combina com nenhuma solução "mágica", mas sim com um trabalho de longa duração, com resultados por vezes de menor visibilidade (o que para alguns políticos é um problema) mas com efeitos duradouros.

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