quarta-feira

Yeda para Presidente ou “a volta dos que não foram”

Na última sexta-feira, dia 27 de abril, a Governadora do Rio Grande do Sul Yeda Crusius (PSDB), afirmou a possibilidade de vir a ser candidata a presidente da República. "Não descarto de jeito nenhum", afirmou ao responder a indagação da jornalista do portal G1, da Globo.
Para quem acompanha o cotidiano da política no Estado, chega a soar quase como uma brincadeira a afirmação da Governadora. Visto que, em apenas pouco mais de quatro meses de gestão, a governadora já tem acumulado um bom número de crises e erros políticos e administrativos que tem abalado profundamente a sua credibilidade no conjunto da população.
Logo nas primeiras semanas ocorreu o problema do transporte escolar e da falta de professores e funcionários, o que gerou um início conturbado (e ainda não resolvido) do ano letivo nas escolas. Em seguida venho a crise provocada pelo aumento dos impostos, distanciando Yeda de setores do empresariado que haviam apoiado a sua candidatura por assumir um discurso de campanha contrário a medidas deste tipo. Após a vitória nas urnas, o discurso e a prática mudaram.
Logo em seguida já estourou uma nova crise, desta vez na área da segurança pública, que culminou com a demissão do Secretário de Segurança Enio Bacci, em circunstâncias até agora não esclarecidas. Pairando muitas dúvidas sobre o envolvimento do governo neste episódio. Como conseqüência desta crise, o PDT saiu do governo.
Mas os problemas da Governadora não terminaram por aí, as divergências com o Vice-Governador Feijó (DEM, Ex-PFL) que já haviam se tornadas públicas durante o episódio do tarifaço, se acentuaram com o tema do Banrisul. Ainda que ambos tenham acordo na idéia de privatizar o banco, acusações graves levantadas por Feijó contra o atual presidente do Banrisul, indicam haver algo no mínimo estranho ocorrendo. As acusações de ambas as partes tem subido de tom, e não nos surpreendemos se logo mais adiante, não venhamos a presenciar uma crise institucional no atual governo de grande repercussão.
Não bastasse tudo isso, ainda há a volta da dengue no estado (não sabemos dizer ainda se esta crise é "herança" do Rigotto, visto que o Secretário de Saúde é o mesmo), o que há muito tempo os gaúchos não conviviam com este tipo de problema. Não esquecendo também dos atrasos na folha de pagamentos dos Servidores do Estado, dando continuidade também neste quesito com o governo anterior.
Parece que agora a Governadora pretende seguir mais uma das lições do ex-governador Rigotto, que no final de sua gestão, se lançou como "candidato a candidato" a Presidência pelo PMDB. O que nunca de fato foi uma pretensão real, servindo muito mais como subterfúgio para desviar os olhares da opinião pública quanto à má gestão do Estado e tentar se fortalecer politicamente.
Agora, Yeda, imersa em uma crise permanente em sua gestão (e pela mostra que tivemos, outras crises deverão surgir nos próximos meses) tenta repetir a estratégia frustrada de Rigotto ao se colocar como possível nome para a sucessão presidencial. Tentando assim uma forma de se legitimar através de um suposto "reconhecimento nacional" as suas qualidades como administradora. Ao contrário do Rigotto, que se lançou ao final de sua gestão como uma maneira de dar um novo fôlego a sua reeleição a governador, Yeda não esperou nem concluir o seu primeiro ano de gestão para adotar a mesma estratégia.
O povo gaúcho já está "escaldado" de governantes que se utilizam do espaço público apenas como local para alimentar suas vaidades pessoais ou para "joguetes" políticos. O resultado desta vez não deverá ser diferente do que ocorreu antes, quando o povo gaúcho mostrou seus descontentamento com essas práticas e deu o seu recado nas urnas, deixando Rigotto de fora até do segundo turno da disputa eleitoral.
O futuro de Yeda não deverá ser diferente, se não pior. Olhando com algum distanciamento esses fatos todos elencados poderiam muito bem servir de inspiração para enredo de algum filme tragicômico de segunda categoria, cujo titulo poderia muito bem ser "A volta dos que não foram" ou algo do gênero. E no final deste filme, como estamos vendo, quem perde é o conjunto do povo.

Erick da Silva – Secretário da JPT POA

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