sexta-feira

A mídia na política ou a política na mídia

A política brasileira cada vez mais enverada para a espetaculização e o diversionismo dos fatos. Não é algo que começou agora e nem ao menos é uma exclusividade “Made in Brazil”. Pelo contrário, exemplos não faltam pelo mundo de situações similares.
O quê tem em comum seja no Brasil ou na maioria dos países da América Latina é a participação ativa e determinante dos grandes meios de comunicação para a definição do que é central ou não na política (seja de Estado, seja no parlamento ou em outras esferas). O que é noticiado é que é digno de ser debatido e encaminhado pelos “políticos”, o resto perde espaço e importância. Se estes temas são realmente o que a maioria da população anseia, isso não é importante, o que interessa é o que está de encontro com o sentimento da pretensa “opinião pública”.
Não é algo novo, o problema é quando governos que foram eleitos para representar uma alternativa a isso se deixam pautar por essa lógica. Que ao fim e ao cabo, acaba por lhe tirar a autonomia e o protagonismo na proposição de suas ações e lhe deixando refém desses interesses oligárquicos. No caso do Governo Lula isso é ainda mais crítico.
Nas eleições de 2006, a grande mídia tentou de todas as formas impedir a reeleição do Lula, seja tentando impingir a marca de “governo mais corrupto da história” (quando os fatos demonstram o oposto) ou criando factóides nas vésperas da eleição. O caso das fotos do dinheiro aprendido no dossiê tucano demonstra de forma inconteste a falta de escrúpulos que a mídia oligárquica tem para atingir os seus objetivos.
O povo não aceitou essa armação e Lula foi eleito com uma votação histórica. Agora, findada o primeiro semestre do segundo mandato, a impressão que fica (pelas ações que o governo teve até o momento) é de que a lição não foi aprendida. Lula segue fazendo todo tipo de concessões possíveis para estes mesmos setores que tentaram impedir a vitória democrática nas urnas, em nome de uma suposta paz pela governabilidade.
O que na prática não tem ocorrido. Em momento algum a mídia deixou de atacar ao governo de forma sistemática e quase que orquestrada. E a reação do governo tem sido no mínimo tímida. Agora, após o recente desastre aéreo em Congonhas, o que temos visto é uma tentativa rasteira de vincular a tragédia diretamente ao governo. Sem haver investigação alguma, sem provas e sem o mínimo de cuidado ético, que um momento como este exigiria. Na semana anterior foi o episódio das vaias na abertura do Pan, e semana que vêm será outro o factóide a ser explorado pela mídia. Essa é a lógica que está em curso.
Cabe agora saber se o Governo Lula irá continuar a se deixar refém desta lógica suicida, pautado por um setor golpista que não aceitou o resultado das urnas e pretende a todo o custo retirar a capacidade protagonista do governo em por em curso uma agenda de mudanças. Para mudar esse quadro tem que ter coragem, com a atual timidez e falta de nitidez política, o resultado final não será dos melhores para o povo trabalhador do Brasil.

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