domingo

Juventude e trabalho

Muitos setores da juventude, quando atingem um determinado estágio de seu desenvolvimento, buscam encontrar formas que lhe permitam se emancipar de sua condição de total dependência dos pais.

Dentro de toda esta busca, há um grande leque de possibilidades, de formas que venham a florescer esta procura, não necessariamente tendo a vir a acontecer como uma regra pré-estabelecida para todos os jovens. Uma das maneiras mais freqüentes que costuma ser buscada para atingir a almejada independência é a procura de um emprego. Buscando-se um desatrelamento financeiro e uma maior autonomia no ir e vir.

Para uma parte significativa da juventude (podendo ser considerado por muitos inclusive como sendo a maior parcela), o trabalho é a única possibilidade de garantir a sua própria sobrevivência e a de seus familiares. A busca pelo emprego coloca-se como uma necessidade imprescindível, não lhe restando nenhuma outra alternativa. Devido a uma série de fatores sociais, os jovens se vêem em uma situação de obrigatoriedade em se iniciar no trabalho, onde, muitas vezes, isto ocorre de forma extremamente prematura, antecipando-se todo um processo de desenvolvimento e auto-aprendizagem. São inúmeros os casos de exploração de mão-de-obra infantil, jovens que são brutalmente retirados de sua infância e que passam a ter que desenvolver trabalhos em troca de quantias muito abaixo do salário dos demais trabalhadores que exercem as mesmas funções. Conformando-se uma condição de semi-escravidão.

Ao iniciar a busca, todo o jovem parte com a idéia de que não deverá enfrentar grandes dificuldades em conseguir uma oportunidade de emprego. Acreditando que, apesar do quadro que está instalado no mercado de trabalho, as suas potencialidades serão reconhecidas. No entanto, deparam-se com uma situação de total exclusão e de falta de oportunidades. Um ambiente nada favorável para se alcançar o acesso ao emprego.

Com o neoliberalismo, o desemprego atingiu proporções que muitos não acreditavam que fosse se atingir. Os índices de desemprego no Brasil, entre a população jovem, assumem contornos de total caos social. o jovem é barrado por sua “falta de experiência” ou ainda a sua “imaturidade”, não tendo por parte do patronato uma mínima preocupação social em relação ao quadro grave que está posto. Muitos, talvez a maioria, não conseguem encontrar uma oportunidade de emprego que minimamente se encaixe com que era almejado ou condizente com a sua qualificação profissional.

Acabam por se sujeitar a serem usados como mão-de-obra barata, tendo os seus direitos mínimos negados sendo privados de darem continuidade aos seus estudos e ao seu lazer. Sendo desde cedo, condicionado a se sujeitar a um regramento perverso, que não lhe permite nem ao menos questionar, sob o risco de perder o emprego que tanta dificuldade teve em conseguir. Vê-se toda uma parcela significativa de jovens em sua situação de total desesperança e desilusão sobre o sistema, sobre o país e até sobre si mesmo, não creditando em suas próprias potencialidades.

Fica um questionamento sobre de que forma se pode solucionar este problema posto sobre a sociedade. Não há solução para este problema que não passe por uma total mudança do sistema político, econômico e social em vigência. Outras medidas não passarão de atenuadoras e que, em um período muito curto, já tem a sua eficácia questionada. O que o jovem poderia fazer frente a todo este problema?

Em primeiro lugar, jamais pode aceitar esta condição sem se questionar e indagar de onde e originam o seus problemas socio-econômicos e, frente a isso, procurar encontrar caminhos que lhe possibilitem enfrentar, e até mesmo superar esta condição que atualmente temos colocada. E ter claro que a sua emancipação e independência não serão atingidas se resumirem-se apenas a conquista de um emprego. A sua emancipação passa por uma conquista por inteiro. Deve ser conquistada sem se acomodar, não acreditando que virá de maneira fácil e tranqüila, sem lutar e ousar.

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